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respirar

respirar

21/01/21

Prosa Insana

#13

Do portal espreita a figura animal. Negro o dorso, verdes os olhos que fitam o meu vazio. Está prestes a atacar: vê-se a intenção. Abro-lhe o vazio: Salta! Salta para onde a dor se afoga. Mostra as garras. Saliva a vontade de se lançar. Excita-me, a hesitação, a força da sua espera. Aguardo. Expando o vazio. Acelera-se a respiração. Ruge por encontro, por fusão. A entrega será voraz, rápida: uma vez no vazio, tudo é perene. Há um odor a eterno que se espalha, inebriante, sedutor, fatal. Não salta ainda, a figura animal. Retesa o corpo. Afina a íris: mira. Desconfia. Depois, tocado por sopro magnético, confia, d’amor desvairado, no desconhecido. Do portal lançado, descansa agora, como bravio gato, amansado no sonho do meu vazio alaranjado.  

 

 

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